Tributo a Manezinho
MANOEL FERREIRA DE BARROS
- Cidadão Piquerobiense -
Profissão: Alfaiate
Aposentado
Manoel Ferreira de Barros e sua esposa,
Dna. Lúcia Dolores Barros
Isto aqui pesa....!!!
O Sr. Manoel Ferreira de
Barros é um cidadão piquerobiense, natural da cidade
de Brejo de Madre Deus - cidade situada no
agreste pernambucano. Nasceu no dia primeiro de Março de 1914. Veio
para Piquerobi no dia 26 de Setembro de 1943. Exerceu a profissão
de alfaiate.Tem hoje 91 anos e faz 20 anos que está aposentado.
Antes de ser alfaiate teve outras profissões, foi barbeiro e sapateiro.
Contou-me que gostava muito do instrumento acordeão. Comprou um
e tentou aprender sózinho.
Um dia quando estava à pratica do instrumento,
à noite - ouviu de uns parentes que queriam dormir - o destruidor
comentário: " Será que ele não vai parar? ". Foi o
suficiente para magoá-lo ao ponto de desistir de seu intento, vendendo
o instrumento. Alma sensível, gôsto pelo saber, tem inúmeros
pensamentos de cunho filosófico que permeiam sempre a nossa conversa.
Lembrou-se de meu pai, o Joaquinzinho portugues, tocador de acordeão,
artista, operário da madeira e da forja, empregado na Serraria Esperança
de José Audi.
Lembrou de um filho que tocava uma flautinha...
Era eu quando criança, que costumava exibir-me nas festas de fim
de ano no Grupo Escolar de Piquerobi, encorajado pelas queridas Professoras
Maria da Glória Marques Campello e Neide Boller Meller. Sabe
do valor da história, do valor de conservar documentos, e assim
guardou até os dias de hoje o primeiro jornal de Piquerobi e também
o seu bilhete quando saiu de seu torrão natal, como podemos ver
logo abaixo:
Com o seu pensamento sempre voltado para
o bem, sempre teve participação política e ainda hoje,
conquanto tenha já seus 91 anos de idade é ainda o presidente
do diretório do PMDB em Piquerobi. Por ele já não
seria mais, mas o partido insiste que continue. Aconteceu um fato muito
interessante em sua vida que acabou por se tornar notícia na imprensa
local e no Estado, por causa de seu intransigente pensamento em defesa
de um burro que Manezinho considerava como um funcionário público,
com todos os seus direitos e deveres, pois durante o dia puxava a carroça
do lixo e à noite ficava solto sem ter uma cocheira e sem que alguém
lhe deixasse preparado um bom feixe de capim e água, afim de que
no dia seguinte estivesse pronto para o trabalho novamente. Hoje ainda
se exploram humanos, mas Manezinho com seu pensamento vanguardeiro, já
não permitia que se explorassem e se maltratasse os animais, lembrando
que os animais são tutelados do estado.
Era época de convenção
para escolher candidato à prefeito e ele fincou o pé que
não daria seu voto enquanto a situação do burro funcionário
público não fosse resolvida. Queria que lhe construissem
uma cocheira e lhe tratassem com "humanidade". Afinal todos acabaram por
entender que era mais do que justo o que o Manezinho queria, não
para si, mas para o burro e trataram então o fato como questão
suprapartidária e resolveram construir a cocheira para o animal,
que afinal teve seus direitos reconhecidos e afinal precisavam do voto
do convencional do partido.
O burro - funcionário público
- protegido pelo Sr. Manezinho
A imprensa na ocasião, à
falta da imagem do verdadeiro burro, publicou a foto de outro burro. Por
isso seu Manezinho fez questão de registrar qual era a verdadeira,
é essa aí exposta mais acima. O burro parece olhar com um
pensamento filosófico para o fotógrafo e a dizer: Olha que
bela encrenca vocês arrumaram por não reconhecer os meus "equus
asinus" direitos!. Afinal sou um trabalhador equídeo!. E trabalho
para o Municipio!. E olha: Tratem de pensar em minha aposentadoria. Pobre
animal, não viveu muito mais.
Manezinho é benquisto pela comunidade
Piquerobiense e em reconhecimento a seus préstimos concederam-lhe
o diploma de cidadão Piquerobiense,em 28 de Agosto de 2003, como
atesta o quadro abaixo:
Manezinho também recebeu do Governo do
Estado - sendo governador Orestes Quercia o diploma de Honra ao Mérito,
em 04/03/91.
O Jornal "O Imparcial" de Presidente Prudente
em sua edição de 11 de Novembro de 2003 fez uma reportagem
sobre o Manezinho, com o título: " A SABEDORIA QUE ATRAVESSA QUASE
9 DÉCADAS":
Está aí portanto, o retrato
de um homem simples que sabe que cumpriu bem sua missão nesta vida
e que quando se for, muitos dele se lembrarão com saudades e respeito.
Vive pacatamente com sua esposa Lucia ainda a cuidar de suas máquinas
de costura, abrindo seu salão a relembrar seu trabalhos de muitas
decadas. Hoje, quem lhe costura as roupas é sua espôsa. De
vez em quando abre seu guarda-roupas e mostra com orgulho o último
terno que fez. Vincos perfeitos, sem dobras - Trabalho bem feito -
Orgulho profissional!
São Bernardo do Campo, 04 de Janeiro
de 2006 - Luiz Netto.
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